Décimo oitavo dia de quarentena.
Goiânia,
02 de abril de 2020.
Em
mais um dia de quarentena no Brasil, o que se destaca é o debate político em
torno do tema. Hoje, Lula e Janaina Paschoal foram os protagonistas do debate
com Bolsonaro. O primeiro, ao elogiar João Doria, que ao retribuir publicamente
o elogio atraiu a ira dos bolsonaristas de plantão e seus robôs virtuais. Ao
fim da tarde, o próprio Bolsonaro foi as redes contestar o fato de que “gente
do bem não pode dialogar com bandido”. Mesmo caminhando para o pico da crise, Bolsonaro
mantém o discurso do Nós do bem, contra eles do mal.
Já
Janaína, que há muito tempo vem atraindo a ira dos apoiadores do mito,
discursou para a mídia chamando as Forças Armadas para depor Bolsonaro. É até difícil
dizer qual disparate é maior - Lula
pedir o impedimento do presidente em plena crise do Corona vírus ou se Janaina discursar
em defesa de um Golpe a esta altura dos acontecimentos. Mas pior ainda, foi a
posição de muitos jornalistas e formadores de opiniões diante da situação. É impressionante
como a grande maioria cai rapidamente em um ritmo hipnótico da guerra de contra todos. Até parece que estamos
caminhando para auto-destruição.
Na
conta dos absurdos do dia, Bolsonaro, que havia falado em Pacto no pronunciamento
no dia anterior, volta a travar contendas entre, e com os governadores.
Enquanto isso, o número de mortes só aumenta. Descobriu-se no dia de hoje, que
a primeira morte no Brasil, por Covid 19, ocorreu no mês de janeiro e não em
Fevereiro, como se acreditava até agora,
e isso, coloca em xeque algo muito grave, pois significa que já com a
doença se espalhando pelo país tivemos carnaval e duas grandes manifestações.
Inês
morta, dirão alguns. O que importa agora, é se concentrar no esforço para deter
o avanço da epidemia e não permitir que o sistema de saúde entre em colapso, e
assim, salvar o maior número de vidas. E, lembrando disso, hoje chegamos ao número de 8.066 mil
infectados, e 327 mortos. São Paulo e Rio de Janeiro continua liderando a
corrida dos infectados, mas pelo cinco estados já passaram dos 200 infectados.
O grande problema é que cresce a convicção de que há uma subnotificação dos
casos, e mais ainda, uma quantidade muito grande de testes esperando por
resultados.
Mundo a fora, as coisas não seguem diferente.
O Equador, país vizinho, esteve no topo das notícias nas redes sociais, no dia
de hoje, pelas fotos onde se mostravam a dificuldade de enterrar tantos mortos.
Uma cena que choca os mais duros de coração. Os Estados Unidos, onde como no
Brasil, o presidente negou a gravidade do problema, vê as consequências do ato
impensado, reage com a força de uma nação poderosa comprando tudo que pode de
insumos da área de saúde para proteger seus cidadãos. Segundo Mandeta, foram 23
aviões cargueiros americanos buscar insumos na China, comprometendo, inclusive
compras brasileiras. Parece um pouco, alusão ao filme o Poço, onde os que estão
nos andares de cima comem a vontade, mas não, é só mesmo uma notícia sobre as
atitudes de um país líder do capitalismo mundial.
Passou de Um milhão o número de infectados em
todo o planeta, e considerando ainda, que este número não contempla as subnotificações,
podemos imaginar que exista ao menos uns dois milhões de infectados no Planeta.
Os Estados Unidos da América, já perdeu mais de 5 mil cidadãos nas contagens
oficiais; a Espanha com mais de 110 mil infectados, já perdeu mais de 10 mil
cidadãos. Os números aumentam exponencialmente a cada dia, e, o perigo de uma recessão
econômica aguda assusta a todos cada dia mais.
Nos ambientes próximos, círculos de amigos,
já é possível sentir o medo e as incertezas aumentarem. O barulho nas casas, músicas
altas, notícias de aumento da violência doméstica, são alguns dos sintomas que
começam a surgir de uma possível desordem social. É uma situação que nossa geração
não viveu, e não está preparada para viver. Os momentos de transformação do
passado, como queda do muro de Berlim, desmonte da União Soviética, e até mesmo
os presságios da virada do milênio, trouxeram muito mais euforia do que medo.
Agora, a situação é diferente. Um clima de apocalipse começa a se instalar nas
mentes e corações das pessoas. Uma realidade, que embora sem cultos e com as
portas fechadas, as religiões e igrejas começam a buscar formas de explorar o
medo das pessoas.
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