Trigésimo Terceiro dia - O dia depois de amanhã



Goiânia, 17 de abril de 2020
Eu me lembro de um filme de violência dos anos 0itenta, estrelado por Vandame. No filme, “retroceder nunca, render-se, jamais”, era o lema do personagem solitário em busca de vingança. Bolsonaro, um dia após demitir o ministro mais popular do seu governo, parece ir mais ou menos nesse caminho. Digo, parece, por que as comparações com o personagem param na ideia de retroceder. Um dia depois, Bolsonaro desafia o presidente da Câmara, insulta  STF, e desafia o que ele chama de velha política.

Outros ministros populares ficam em silêncio. Ninguém ousa investigar a razão do silencio de Moro. Não consigo ver o ministro da Justiça feliz com os ataques constantes ao STF, afinal, o sonho dele é se tornar um togado da mais alta corte do país. Eu até imagino que Moro será o próximo alvo interno no Governo Bolsonaro. Um tempo, em que Caiado, Doria, Alexandre Frota, Witzel, são chamados de comunistas, tudo pode ser esperado.

Enquanto o vírus se espalha pelo país, o presidente e seus colaboradores mais próximos chamam manifestação para o dia 19 de abril, dia do Exército Brasileiro.  Estão pedindo “Fora Doria”, “Fora Witzel”, e pasmem, em Goiás, são eleitores do Caiado e Bolsonaro, pedindo “Fora Caiado” . O protesto contra o fim do isolamento social ganha força. Em goiás, cuja adesão chegou, quase a 70% , já está em pouco mais de 50%. Felizmente,  o governo parece ter agido rápido, no sentido de reforçar o sistema de saúde, fala-se em cinco a sete hospitais de reforço nas principais regiões do Estado.

Enquanto isso, as mortes avançam. Na cidade de Goiânia, já tem casos em todos os bairros, praticamente. O emocional coletivo está cada dia mais abalado. É possível sentir o medo nas filas dos supermercados, nas ruas, nas praças.  O país esta dividido no enfrentamento de um inimigo invisível, que não deixa rastros e não pode ser identificado. Grande parte das pessoas parecem ainda não saberem como lidar com a situação. Estão desnorteados, ninguém esperava uma situação desta dimensão. Algumas pessoas, que perderam seus empregos, começam a demonstrar desespero,  e é compreensível diante da insegurança e incerteza que se instala.

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