Sobre a Demissão de Moro e os rumos do país.
Um projeto de poder de Longo prazo e os Fantasmas de
Bolsonaro
Tornei-me crítico do PT
logo no início do Governo Lula, quando este demitiu o Ministro da Educação,
Cristovam Buarque, por telefone e de Portugal. Achei uma falta de respeito para
com todos os educadores do país e como um defensor intransigente da Educação
nunca mais vi Lula com os mesmos olhos. O tempo passou, e me tornei oposição ao
Governo Lula, filiando-me ao Cidadania, e onde estou até os dias de hoje.
Entretanto, quando vi os movimentos para derrubar a presidente Dilma, minha
intuição dizia que estavai iniciando ali, um projeto de poder que as vítimas
finais seriam o Estado Democrático de Direito e a própria democracia. Alertei
os colegas de partido e me posicionei contra o afastamento da presidente. Acreditava
que para preservar a democracia teríamos que aguardar as eleições e vencer por
meio do voto.
Quando o fenômeno
Bolsonaro começou a surgir, escrevi um artigo, publicado neste blog “Democracia
e Justiça social”, onde conclamava todos os democratas a se unirem em defesa da
democracia, e em diversos outros artigos que Bolsonaro representava um perigo
para a democracia e que subestimá-lo levaria o povo brasileiro a pagar um alto
preço. A verdade é que ninguém levou a sério, embora hoje, tais artigos são os
mais acessados do blog. Derrubar a presidente Dilma, a prisão de Lula eram
todas as peças de um projeto de poder, cujo centro ainda é para mim, invisível
e obscuro, mas que o resultado pode vir a ser o fim das liberdades individuais
e da democracia como a conhecemos.
Num artigo recente,
escrevo o óbvio, de que já somos governados por militares. Se o governo ainda
não é uma ditadura, caminha pra ser, e é no mínimo o que podemos chamar de um
Governo bonapartista, como dizem alguns analistas da política nacional. E o
problema não é apenas o fato de que praticamente todos os ministros são bolsonaristas,
é o modus operandi, a forma como se gere as crises e se cria novos fatos. Para
o bom observador, e possível perceber que todos os atos do presidente são
planejados estrategicamente e colocados em prática por meio de uma tática
cirúrgica, e, mesmos os recuos parecem serem planejados. Vejo nos movimentos uma
evolução dos mais recentes estudos da Arte da Guerra. O problema é que parece
que nossos políticos e líderes ainda estão analisando a arte da Guerra por
Maquiavel, e nem Mesmos Sun Tzu ou Causevitz, são suficientes para entender o
momento real. Há uma mistura de aspectos místicos e ocultistas nas ações de
Bolsonaro e de seu grupo, um aspecto que parece fugir as análises mais
razoáveis da ciência empírica e racionalista.
A demissão de Moro
A demissão de moro não
foi nenhuma , já havia publicado nesse blog que ele seria o próximo, bem como
comentado em uma Live do Jornalista de “O correio Brasiliense”. É apenas parte
importante do projeto, que limpar o meio de campo para construção de uma polícia Política no
estilo das SS de Hitler, para em seguida
iniciar um processo de controle social da mídia utilizando como instrumentos as
próprias instituições do Estado democrático de direito. Considero que tanto o Moro quanto o Bolsonaro
serve ao mesmo projeto, o que os separa é ambição do ex-Juiz e os problemas
familiares do presidente, e por vezes, considero o Ex-juiz até, pior do que o
Bolsonaro caso caiba a ele a execução do projeto.
O desenvolvimento do
projeto não irá parar na demissão do Moro. É preciso controlar a mídia, a
economia, e a máquina educacional, que inclui o Ministério da Educação, Ciência
e Tecnologia e o Ministério das comunicações, e Ministério da Economia. Façam
suas apostas qual será o próximo ministro que terá sua lealdade ao projeto do
presidente testada. Se o projeto é dantesco e infernal, não é menos assustador
a adesão de quase 50% da população ao projeto. Uma cegueira e ignorância,
parece ter tomado conta de uma parcela enorme de pessoas, e que encontrar
alguma argumentação racional nas práticas sujas e rasteiras dos mecanismos
políticos partidários da política nacional, mecanismo este que está presente
em, praticamente, todos os partidos políticos.
O principal front é a
comunicação.
Na guerra estabelecida, o
principal front é a comunicação. O estilo de afirmar e negar, decidir e recuar
e colocar toda a imprensa em um serviço voluntário e constante de divulgação e
comentários, bem como as lives, é uma tática que tem mostrado sucesso. Isso aliado
a fabricação de notícias falsas e ataques aos adversários internos e externos,
garante certo controle do caos, e se aparenta ser um caos é na verdade um plano estratégico no estilo Sun Tzu. O aspecto
de humor que se dá aos assuntos sérios, e a seriedade com que se trata assuntos
não tão importantes, serve para confundir a opinião pública e aos formadores de
opinião. E deste modo, se estabelece uma vantagem na construção da vitória na
guerra das narrativas.
O caminho para deter tal
curso de coisas parece impossível. Entretanto, apenas uma ação conjunta,
reciproca e consentânea de todos os democratas pode fazer frente a este tipo de
situação. Primeiro o estabelecimento de uma aliança tácita entre todos aqueles
que defendem a democracia e o Estado democrático de direito; segundo, uma ação
conjugada e diária no sentido de influenciar mentes e corações para valor da vida, da liberdade e da democracia.
Não existe salvação fora da preservação das instituições democráticas e do
Estado de direito. Quanto mais cedo se compreender isso, mais cedo será
possível uma reação planejada.
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