Trigésimo sexto dia de quarentena – a influência de um Líder
Goiânia,
20 de abril de 2020.
Quando
começou a quarentena o síndico do condomínio onde moro retirou as mesas da
piscina, mandou fechar e lanchonete, e
proibiu qualquer tipo de aglomeração. As pessoas aderiram e sequer se reunião
nas áreas comuns para conversar. Bom dia, Boa tarde, Boa noites rápidos.
Andavam de poucas pessoas nos elevadores e os de andares, mais baixos,
começaram a usar escadas. Ontem, mais de vinte pessoas estavam reunidas como
costume antigo, na área livre do prédio como se já não tivesse mais com que
preocupar. A mudança de comportamento ocorre dois dias depois da troca do
Ministro da Saúde e do presidente da insistir
que os governadores estão exagerando e que é preciso acabar com o isolamento
social.
A
Segunda Feira, no entanto, que parecia ser um dia agitado e com muitos reveses
pode se dizer que pouca coisa aconteceu. Rodrigo Maia, novo alvo do presidente
cancelou a própria agenda. O STF, reagiu as críticas de Bolsonaro, que claro
disse que não disse o que disse para que possa continuar dizendo o que bem
quer. O mundo inteiro repudiou os ataques a democracia, mas na prática Bolsonaro
não mudou de ideia. Pelo, contrário, afirmou em uma frase simbólica “Eu sou a constituição”. Ele
não diz que é responsável por defender a constituição, diz ser a constituição.
As redes sociais estão cheias de análises que mostram que o presidente está
testando a democracia, que flerta o tempo todo com o autoritarismo e prega
abertamente um golpe buscando fechar o Congresso e o STF. Expressões usadas por
ele, foram comumente usada pela maioria dos ditadores da história e pelo mundo
a fora, mas mesmo isso não é suficiente para um repúdio forte e profundo por
parte da sociedade organizada.
Indiferente
como sempre as pandemias da política, o Covid 19 continua matando, e muito. Apesar de que na Itália
o número de mortes diárias baixou, ontem pela primeira vez forma menos de 400
ao dia, em diversos países os números continuam em uma curva ascendente. E países
como equador e Venezuela na América Latina, sofre vendo seus sistemas de saúde
colapsados. No Brasil, o número de mortes, ainda que sabidamente
subnotificados, já cruzou a fronteira de mais de 100 mortes diárias. Alguns estados
já estão com seus sistemas de saúde próximo do colapso, e apesar disso, grande
parte dos governantes já falam em flexibilizar o isolamento.
No
meio militar, apesar de negar golpismo e dizer defender a democracia, afirmam apoiar
o presidente nos embates com os demais poderes. Na prática significa que são
liderados pelo presidente, e que sim o Brasil caminha para uma situação
política complicada. Os militares não deram a resposta que os democratas
esperavam, e mais uma vez, o presidente pode dizer e pensar que seu teste foi
favorável. Nos próximos dias ele cruzará mais uma linha. A história mostra que
todos os governantes que seguiram o caminho seguido por Bolsonaro, e o exemplo
mais recente e trágico foi o de Muamar kadafi, ditador da Líbia que terminou
morto e empalado pelo próprio povo. A democracia pode ser barulhenta, como
disse o Ministro Guedes, mas não há saída fora da democracia. Não o conceito de
democracia repetido pelos ditadores, mas a democracia que de fato, respeita a
vontade expressa da maioria na formação dos poderes da república.
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