Trigésimo quinto dia de quarentena. Eles foram às ruas
Goiânia,
19 de abril de 2020.
O
Exército Brasileiro é, sem dúvida um orgulho para a nação. É justo comemorar e
lembrar os grandes feitos desta instituição. O estranho e quando se comemora
convocando o Exército para uma Intervenção e mudança do sistema de Governo,
pondo fim a democracia. Penso que foi justamente o que aconteceu hoje. Com a aprovação
do presidente, e instigado pelo filho do mesmo, Carlos Bolsonaro, milhares de
pessoas saíram as ruas, sim, em plena quarentena, quando o mundo todo está
praticando o isolamento, milhares foram às ruas pedir o fim do isolamento, a
derrubada dos governadores e o fechamento do congresso e do STF.
Tento
entender a mente destas pessoas, em sua
maioria, pessoas esclarecidas, com curso superior usando o mecanismo da
democracia para pedir algo que vai tirar delas o que elas mais gostam de fazer,
que é protestar, ou manifestar opinião. O mais grave é que vendo milhares de
pessoas morrerem, elas se expõe, por alguma razão a serem contaminadas, em nome
de uma causa que está longe da vida real delas. Parece que é uma ira de parte
da elite que não admite ver o Estado proteger os mais fracos. A ira que agora
se volta contra Dória, Witzel, Caiado, e companhia é a mesma ira que se
levantou contra Lula e Dilma, movida pelo ódio da empregada doméstica que
viajava de avião, os direitos trabalhistas e o ainda frágil sistema de proteção
social criado no Governo FHC.
Esta
ira parece ser alimentada por uma massa que sonha em ter oportunidades fáceis
de ascensão por que ignoram as regras da estrutura social capitalista. É o
déficit de memória histórica que sempre assolou este grande pais. Agora, e
ironicamente, parece que “nunca na história desse país”, se agiu com tanta ignorância.
Parece que retornamos aos tempos da idade Média. Centenas de milhares acreditam
que a terra é plana, que um vírus que está matando no mundo inteiro não existe,
e que a democracia e a liberdade pode ser descartável. Enquanto isto, o vírus mata. Hoje, as mortes
bateram recorde em diversos país. Os Estados Unidos já passaram dos 30 mil
mortos, e por aqui, a situação está se agravando. Já se tem noticias de que em
vários estados o sistema de saúde está se colapsando. Um vídeo do hospital em
Manaus já corre na WEB com cadáveres aguardando para serem removidos. Já
chegamos a quase 90% dos leitos ocupados.
E
o presidente? Critica o Congresso. Diz que não vai negociar nada com ninguém, e
seus seguidores o aplaudem. A impressão que se dá é que eles acreditam que o
vírus está disposto a negociar para parar de matar, ou que por alguma razão, as
pessoas estão escolhendo morrer para conspirar contra o sucesso do Governo. É
uma situação nunca vista nos últimos 100 anos desse país. O novo ministro da
saúde está sumido, e parece que não terá voz. Foi nomeado para não ter voz.
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