1º de abril. - Dia da Mentira: A grande Mentira que nos é contada todos os dias.

 



Tenho saudade de quando se mentia apenas no da primeiro de abril. Nos dias atuais a mentira se tornou natural. Mente-se em tudo. A foto nas redes sociais? É mentira. A vida publicada nas redes sociais? É tudo mentira. As promessas dos políticos e as narrativas que eles constroem? 99% é mentira, 10 % é inventado. A mentira se tornou normal, natural. O cristão que defende a vida é o mesmo que defende o acesso ás armas, os que lutam contra a corrupção são os mesmos que pagam e recebem propina. Houve um deslocamento entre a vida real e a vida publicada. A instrumentalização e monetização da vida fez com que a mentira tomasse os espaços antes habitados pela verdade.

Entender como a vida foi moneta rizada é o aspecto desafiador da atualidade. Creio que tudo começa há séculos atrás, quando se colocou valor monetário na força de trabalho humana. A primeira coisa moneta rizada foi a capacidade humana de trabalhar e produzir, e no momento em que aqueles que podiam pagar pela força de trabalho dos outros descobriram que podiam explorar parte desta força, o que é equivalente a roubar a energia vital do trabalhador, então o processo de monetização da força de trabalho foi levado ao extremo, o que foi chamado pelos estudiosos da questão de precarização da força do trabalho. Explica-se mais ou menos assim: quanto mais barato se paga pela energia humana despendida no trabalho maior o ganho do dono das forças de produção ou do capital, e maior o enriquecimento do contratante.

Para se conseguir tal precarização ao extremo, foi preciso construir narrativas que levassem aqueles que necessitam vender sua energia vital ( força de trabalho) a acreditar que estavam fazendo algo muito nobre, abençoado, louvável, e que de tanto fazer, eles mesmos se tornavam especiais. Assim, surgiram primeiro, os profissionais liberais ( o trabalho dignifica o homem), mais tarde o pequeno e médio empresário; e o por fim, o empreendedor e micro-empreendedor. Este último, só tem mesmo a energia vital para vender sem proteção nenhuma do Estado. O capitalismo liberal aprender a roubar a força vital humana de forma institucionalizada. Tais estratégias se aplicaram nas artes e até as religiões foram monetizadas, transformadas em instrumento a serviço do processo de exploração. E junto a isso, conta-se a mentira nobre de que tudo é para dignificar o homem.

Construiu-se uma narrativa de que aqueles que possuem dinheiro possuem liberdade e autonomia ilimitada, e moveram-se massas para defender tais ideias, e aqueles que nada tem ou tinha de dinheiro foram convencidos de que o caminho para se ter dinheiro é primeiro acreditar na narrativa, sentir como se fossem livres e defenderem os ideais da liberdade ilimitada. A monetização foi entrando no mundo da vida, do homem consigo mesmo. E isso passou a ser chamado de direito de consumir. O problema é que foram se criando necessidades inexistentes apenas para sustentar o consumo e enriquecer ainda mais aqueles que já possuíam os meios de produção. Com o excesso de consumo o homem que vive de vender sua força vital passou a viver para tentar suprir as tais necessidades, que antes não tinham; e, tais necessidades foram aumentando com a pouca durabilidade dos produtos que leva a necessidade de substituição constante. Com tudo isso o homem perdeu o controle não apenas de sua força e energia vital, como também do seu tempo, e do seu espaço de vida.

Em todos os lugares e todo o tempo nos contam mentiras das mais irrelevantes àquelas que por vezes, mudam nossa vida presente, mas a maior mentira que nos é contada é que a única forma de viver é permanecer nesse movimento constante de trabalhar, ( vender a energia vital)/ consumir, vender a energia vital, novamente e consumir. E temos que consumir de tudo um pouco. Esta grande mentira vem adornada de valores morais, sociais, e até mesmo espirituais e religiosos. Mentira que nos faz acreditar que a felicidade pode ser encontrada fora do ser humano quando na verdade, o único caminho da felicidade é olhar para dentro. Não é a capacidade de trabalhar, consumir, etc que pode fazer uma homem/pessoa feliz, e sim, a capacidade de se reconectar com a essência divina existente, e para isso, não é necessário nenhum trabalho, nenhum investimento financeiro que não seja falar a verdade sobre quem se é e para si mesmo. E esta é a única verdade que pode mudar o mundo da vida cotidiana e dar sentido a correria da vida material.

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