Sobre Xenofobia, preconceito e corrupção.

Por Goiânia

 



Um desembargador estava falando de corrupção. Dizia que já nem consegue mais dormir direito tamanho são os casos de corrupção no Paraná. E no meio do discurso, resolveu fazer uma infeliz comparação com os estados do Norte e Nordeste. Disse que o paraná é corrupto, agora imagina os outros estados do Norte e Nordeste onde a cultura é inferior.

Reprodução TJ Paraná. 

A comparação é tola e infeliz por que existe corrupção em todo o país. A corrupção se tornou sistêmica, está enfronhada em todos os setores da sociedade. Existem líderes religiosos corruptos ( padres, pastores, pais de santos, etc); existem políticos corruptos, juízes corruptos, desembargadores corruptos. Quase que é normal é ser corrupto e não ser integro nestas terras. É ainda mais tola e infeliz por que vindo de um cidadão que por dever deveria ter conhecimento da antropologia, sociologia e política do país. Entretanto, não é de hoje que os cursos de direito formam mal o pessoal da área jurídica. Recentemente vi uma reportagem na qual um juiz reclamava da tamanha falta de cultura no meio jurídico.

É preciso lembrar que este juiz não é o primeiro a fazer comparações destes tipo. Após as eleições, mesmo tendo a diferença sido pequena entre Lula e Bolsonaro no Sul e no Sudeste, muita gente, incluindo lideranças políticas vieram a público acusar o nordeste de ter garantido a eleição de Lula. Do ponto de vista cultural, é ainda mais tolice, pois quem estuda a história, a sociologia e antropologia do Brasil sabe o quanto é rica a contribuição do Nordeste em todas as áreas.

O que revela na fala do Juiz é o preconceito existente nas classes dominantes do país. Esta lógica que tenta dividir o país entre nós e eles, e que ultimamente se refere ao nordeste como sendo algo diferente. Preconceito, xenofobia, discriminação contra pessoas cujas origens é outro estado não é algo novo no Brasil, porém nos últimos anos isso tem se agravado. Precisamos enfrentar a questão. E a forma correta é que o CNJ , órgão adequado faça o trabalho que é de sua competência.

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