Do Livro Folhas Secas ao Vento. Visão do Passado
Estou deitado, sinto frio. E quase nada de amor.
Eu olho. Vejo o passado. Mergulhado na escuridão.
Negros suados, sem camisa, soltando gritos de dor.
Parecem cenas horrendas, do tempo da escravidão.
Nas ruas, mulheres andam suaves
Flertando o homem que passa.
E eu, nesta pequena nave,
Sentindo o peso da massa.
É a história que, sobre minha alma,
Despeja o peso do tempo e da emoção.
E as negras, com as tetas em suas palmas,
E os homens, com espinhos no coração.
Um tempo de ruas vazias.
De cavalos e carruagens.
Um tempo sem alegria...
Para os negros destas paragens.
Deitado, sinto frio. E quase nada de amor.
Olho. Vejo ao longe um grande rio
E uma carga de amargura e dor...
Transportada como um desafio.
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