A ideologia do Trabalho Escravo. -
Considero como ideologia do Trabalho escravo no brasil, um conjunto de ideias que visa legitimar uma forma de trabalho não pago prestado por pessoas em troca de algum direito que deveriam ter e não tem. Esta ideologia, quase sempre aplicada ao negro, uma vez que os seus cultuadores que, em sua profundidade o negro nunca deveria ter deixado de ser escravo, isto é, de forma envergonhada argumentam e forma de palavras e atos sutis que a escravidão deveria ter permanecido e pasmem, que o negro deveria ser grato ao branco ou dominador por sua condição de escravo.
Esta ideia está presente no dia a dia de diversas formas. Quem nunca ouviu a ideia de que alguém deveria trabalhar de graça para outro em troca do direito de aprender alguma coisa, ou por que lhe é dado oportunidade de desenvolver seus talentos? Ou mesmo, um discurso mais generoso, como aqueles que fazem as matronas que possuem empregadas domésticas vivendo anos e anos com subsalários ou até mesmo sem salário dizerem orgulhosas: “ Ela está comigo a dez anos, é como se fosse da família”. Entretanto, o como se fosse da família não inclui direito a descanso semanal, acesso aos bens culturais, etc. Esta ideologia se alastra e se espalha mesmo entre negros, ou quem já não ouviu um pai ou mãe preta dizer aos filhos: “espero que casem com um branco que é para apurar a raça”.
A ideologia do trabalho escravo plasma no imaginário popular de que o negro está destinado aos trabalhados rudes e inferiores, que os negros não podem assumir cargos de direção, não tem direito a fazer e exercer profissões nobres, e mais ainda, não possuem o direito de na política desejarem serem prefeitos, governadores, ou até mesmo juízes das cortes superiores e por que não a presidência da república. Quando confrontado com estes discursos, os porta vozes do escravismo de origem ainda colonial, retruca dizendo que os próprios negros venderam os negros, que os próprios negros são racistas. É claro que estes são os mesmos que empoderaram alguns negros para que me troca neguem a própria origem e a própria raça.
E, se não se pode negar a história ( negros venderam seus próprios pares, no passado como escravos) nós , negros de hoje, não precisamos repetir os erros do passado. Precisamos pensar no negro, sobretudo como ser humano, igual a qualquer outros seres humanos. É nesta síntese que apresenta com força todo o nosso humanismo. A emancipação do negro e seu direito de estar em qualquer lugar é a forma mais nítida de reconhecer a igualdade entre todos os seres humanos. Portanto, a luta contra o racismo e a ideologia do trabalho escravo, e irmana a diversas outras lutas cujo fulcro é a valorização da vida e do ser humano. E isso revela que o indivíduo que hoje acredita poder explorar, roubar e dilapidar o talento do negro é o mesmo que no passado acreditava que deveria escravizar o negro por que este na concepção deles, não tinha alma.
Bolsonaro não tem cara de Ladrão disse Senador.
Quando vi esta frase, uma indignação tomou conta. Esta frase revela de forma sutil as coisas não ditas e que servem como argumento para a ação social cotidiana. Qual negro não foi parado pela polícia e ouviu uma justificativa muito assemelhada? No Brasil criou-se a ideia de que ladrão tem cara, e claro, é negro, mal vestido, etc. E é uma questão interessante, por que o maior escândalo de corrupção do país, e que ocorreu no Governo FHC, não possuía negros entre seus presos. O que é também outra coisa engraçada. Ladrão, no Brasil, não parece ser uma alcunha aplicada aos crimes de colarinho branco.
Felizmente, em pouco mais de 100 dias de governo, o Brasil bate recorde de combate ao trabalho escravo. Pipocam notícias de trabalho escravo por todo país. Isso é o começo da luta. Precisamos travar também a luta de ideias. Mudar no imaginário brasilieiro a ideia de que existe algum tipo de ser humano que nasceu para ser desumanizado. Nenhum ser humano, negro, índio, imigrante pode ser tratado de forma desumana. A declaração de direitos humanos que já possui mais de 200 anos de existência precisa tornar realidade em nosso país.
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